segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Humpty Dumpty


Muito se fala hoje em dia de polarização, bipartidarismo, Fla-Flu. É bastante comum encontrar vídeos, onde as pessoas buscam suas informações hoje em dia, principalmente as mais jovens, onde duas pessoas são colocadas como representantes de posições extremamente opostas para discutir um determinado assunto, geralmente político.
A audiência mais atenta perceberá que, geralmente, as posições não são literalmente oposições (extremas). Ou seja, aquelas pessoas até discordam, mas não pensam como extremos (leste, oeste), mas sim como sudestes, nordestes, centro-oestes, etc, etc e etc. E tudo isso num plano de duas dimensões, mas é preciso lembrar que a vida possui outras dimensões.



Gosto de pensar, e observar, que esses extremos reais são raríssimas exceções. Quantas pessoas você conhece que são realmente extremistas? Dificilmente se chega em dez mesmo que contar pessoas que conhece apenas pela fama. Antes de contar é preciso tomar um cuidado especial na própria visão, pois se você caiu nessa "imposição midiática" de colocar o outro no extremo oposto você acabará SE colocando como extremista. Será que você é?! É fácil saber se você simplesmente se questionar. 


Pegando as últimas eleições presidenciais como exemplo, o segundo turno nos deu o seguinte cenário:

21,10% dos eleitores se abstiveram, ou seja, nem foram votar. 
4,63% anularam 

1,71 votaram em branco
Significa que 26,10% dos eleitores se negaram a escolher, por um motivo ou outro, entre os dois candidatos restantes. Foram mais de 37 milhões de pessoas que não estão de um lado ou de outro, até porque os candidatos em questão não representavam extremos opostos em quase nada. Também porque o voto é obrigatório no Brasil e, ainda há, muitas pessoas que entendem que é importante escolher entre o menos pior ou simplesmente votam para que o outro não ganhe, pois a rejeição/repulsa é muito grande.  


É preciso enxergar de forma um pouco mais mais abrangente para perceber que quase nada é binário nas ciências políticas/humanas. Não acredite tão piamente em polarização e, se acreditar, investigue um pouco mais se você mesmo é tão exato e coerente assim.

As notícias (com destaque para as redes sociais) podem estar lhe levando a ser contra ou a favor disso ou daquilo, mas a pluralidade de ideias, conceitos, pessoas e culturas, ainda que contrastantes é o que há de mais importante no que chamamos de humanidade.

Arley Alves Ribeiro

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